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Uma das atrações mais importantes da Expointer são os tradicionais julgamentos de animais, que competem nas várias pistas do Parque Assis Brasil, em Esteio. Na 45ª edição do evento, que acontece até o dia 4 de setembro, milhares de visitantes já puderam assistir a algumas disputas e conhecer os primeiros campeões. Em meio a tantas raças e categorias de julgamento, boa parte dos visitantes desconhece como os campeonatos funcionam, bem como os critérios adotados pelos juízes.
Em todas as edições da Expointer, são várias as competições, em diferentes segmentos (bovinos, ovinos, equinos, coelhos, dentre outros). Os embates são acirrados: no caso da tradicional raça de cavalos crioulos, por exemplo, são nada menos que 391 participantes em 2022. “O julgamento é uma amostra do trabalho que os cabanheiros realizam em suas propriedades, de seleção e de melhoramento dos rebanhos”, afirma Márcio Oliveira, inspetor técnico da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) e coordenador do Colégio de Jurados das Raças Ovinas da entidade. Ele explica que os julgamentos sempre levam em consideração a finalidade zootécnica dos animais, seja de produção de carne, lã ou leite, por exemplo.
Diferentes fases
A primeira etapa para que os animais possam competir na Expointer é um julgamento de admissão zootécnica, quando se avalia o registro dos animais. Passada essa fase de verificação da documentação, começa o julgamento de classificação, quando são comparados uns com os outros. Dentro de cada raça, para além da separação entre machos e fêmeas, os animais competem em categorias definidas por faixa de idade. Os diferentes vencedores recebem, então, as premiações das categorias, que vão do primeiro ao quinto lugar, mais as menções honrosas. Essa, porém, é apenas a primeira fase da competição.
Na segunda, quando os candidatos estão mais filtrados, os primeiros colocados das diferentes categorias retornam às pistas para que sejam escolhidos os quatro campeões dos campeonatos.
A seguir, na terceira fase, todos os novos vencedores voltam para que sejam definidos o “Grande Campeão” e a “Grande Campeã” de cada raça, assim como o “Reservado de Grande Campeão” (segundo lugar) e os terceiro e quarto colocados.
Critérios e finalidades
Mas como os animais são julgados? “As raças são avaliadas dentro de sua funcionalidade e de suas características zootécnicas, quando se observa sua finalidade econômica”, explica Oliveira. Assim, uma raça ovina voltada para a produção de carne não terá sua densidade de lã levada em consideração: o que importa são aspectos como a qualidade da carcaça e o comprimento do corpo. “E todos os aspectos são observados dentro do que se chama de equilíbrio: um animal mais equilibrado considerando o conjunto de suas características, como altura, conformação e capacidade torácica digestiva”.
No caso dos bovinos de corte, o pecuarista Fabiano Santos, presidente do Conselho Técnico da Raça Limousin, destaca critérios como comprimento, aprumo, estrutura, profundidade, largura e massa muscular. “É estabelecido um critério de morfologia ideal conforme a raça, que nunca vai ser alcançado. Mas é o padrão a se buscar, a fim de se encontrar o melhor exemplar para a produção de carne e para a reprodução”, afirma.
Antônio Carlos Osório, presidente do Conselho Técnico da Associação Brasileira Brangus, destaca também as diferenças conforme o sexo: “No caso das fêmeas, entra a questão da feminilidade, relacionada ao aparelho reprodutor externo. Já no dos machos, é a masculinidade, ou seja, o aspecto de touro que o animal demonstra”. Nas vacas, por exemplo, observa-se a qualidade do sistema mamário, a partir dos úberes (que ajudam a bombear o leite) e dos tetos (os quais permitem ao terneiro mamar). Por sinal, as fêmeas adultas, para provar sua capacidade de reprodução, devem estar prenhes ou já terem gerado prole para poder participar dos julgamentos. Já os machos precisam ter a circunferência escrotal dentro do previsto.
O trabalho dos juízes
Conforme a associação dos animais, cada competição pode contar com um ou mais juízes. O juiz de uma disputa recebe uma planilha sem a identificação do expositor e do animal: no caso dos bovinos, por exemplo, ele convoca cada competidor a partir do número do box em que o touro ou a vaca se encontra, a fim de manter um julgamento imparcial. “Os juízes avaliam levando em conta uma preocupação tanto com o produtor do campo quanto com a indústria frigorífica — tem que ser interessante para todos”, conta o juiz Fernando Velozzo, que julgou bovinos limousin na 45ª edição da Expointer.
No dia dos julgamentos, o juiz convoca os animais e observa, atentamente, suas características físicas. “A informação que temos na planilha é apenas sobre o peso e o ganho de massa diária. Mas isso não é tudo: é necessária uma avaliação visual de aspectos específicos, como o casco e o aprumo”, diz Velozzo. Por isso, os animais são avaliados de perto e de longe, e devem desfilar para que o juiz dê uma nota para a qualidade da caminhada.
Premiação é reconhecimento
Geralmente, as associações não oferecem prêmios em dinheiro para as cabanhas campeãs: o ganho é o status que o animal vencedor adquire. “Promove-se a propriedade e o trabalho do criador que está expondo. E isso traz um retorno financeiro para o cabanheiro, pois seu animal passa a ser visto como dotado de valor genético e de produção”, afirma o inspetor técnico da Arco.
“A Expointer é uma vitrine. Uma cabanha vencedora ganha, então, enorme destaque quando apresenta um Grande Campeão. E não só a genética desse animal em específico passa a ser procurada, mas a de todo o rebanho daquele expositor, que é visto como um bom criador”, diz Pablo Charão, zootecnista da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e comissário-geral da Exposição de Animais da Expointer. Uma Grande Campeã e um Grande Campeão podem, então, ser vendidos por um alto preço, ou mesmo contratados para fornecer óvulos ou sêmen que serão congelados com vistas ao melhoramento genético da raça.
Durante a Expointer, os animais que vencem as categorias, campeonatos e grandes campeonatos são premiados com as rosetas. Algumas associações ainda oferecem faixas para serem colocadas no dorso dos grandes campeões.
Um animal que foi campeão em uma edição pode retornar para competir nos anos seguintes, desde que esteja dentro do limite de idade permitido. Tanto é que há histórias de animais ilustres, que se tornaram verdadeiras referências no meio. É o caso do Apolo das Nogueiras, da Raça Gir Leiteiro: o representante da Fazenda das Nogueiras foi tetra Grande Campeão (2012, 2013, 2014, 2016). Agora, em 2022, novos animais e expositores têm a chance de se consagrar para a história.
Fonte: Secom